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Hoje eu queria ser um poeta, um músico, um escritor, pra fazer da minha dor, um samba, uma sinfonia, uma pichação, ou mesmo uma crônica bem satírica que fizesse outros rirem do patético eterno, quem sabe enriqueceria a literatura mundial. Se eu soubesse fazer chorar, o faria por meio de uma peça teatral, para lembrar a todos de um sentimento passado, quase esquecido, mas que nunca conseguiu morrer, que todo mundo carrega no fundo, bem fundo. Queria fazer da minha saudade, um samba enredo para a Portela ganhar prêmios. Queria fazer das minhas lembranças, um cinzeiro de ex-cigarros mortos pelo fogo. Queria cantar meu desejo num jazz americano. Queria que a minha dor de cabeça fosse uma ressaca de uma noite de causos, risos e vodkas. Se eu soubesse cozinhar, faria uma torta de chocolate, se soubesse sambar, ahh se eu soubesse sambar! Se eu pudesse pintar, pintaria campos de morangos. Seu eu pudesse, faria da minha falta de sono, melhores palavras para te dizer o que eu realmente deveria dizer. Por não saber fazer coisas certas nas horas certas, eu prefiro ler os jornais enquanto você vai embora.



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