sábado, 30 de agosto de 2008

Divertimentos




O primeiro olhar para fora da janela pela manhã
O velho livro encontrado
Rostos entusiasmados
Neve, a mudança das estações
O jornal
O cachorro
A dialética
Tomar um banho, nadar
Música antiga
sapatos confortáveis
Compreender
música nova
Escrever, plantar
Viajar cantar ser amável

Bertolt Brecht

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

corrida


Hoje finalmente voltei a correr, apesar de não ter terminado meu repouso de 3 meses. Acho que o tênis novo me deu a energia inicial que faltava. Acho que vou voltar a dormir melhor e distribuir uns quilos por aí pra quem quiser. Acho que estou muito feliz. Acho que estou repetitiva.

Não pensava que sentiria tanta falta dessa coisa toda.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dengue

Combate à dengue:
evite sorrir para o mosquito.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

domingo, 17 de agosto de 2008

Enquanto novembro não vem


Tenho delegado poderes à minha imaginação. Ela tem trabalhado em dobro, tentando toda a sorte de idéias e devaneios, afim de encurtar uma espera. O que se pode fazer nessa vida, que encurte uma espera e diminua a saudade de alguém que está muito distante? Pois nesse meio tempo, entre uma hora e outra que não estou trabalhando, desenvolvi uma gama considerável de atividades recreativas com o único propósito de FAZER O TEMPO PASSAR PELO AMOR DE DEUS… até que chegue novembro. Desde então passei a

Ler os livros que comprei e que nunca li
Fumar
Fazer lista de músicas para festas alheias
Ir a debates com escritores que nunca ouvi falar
Estudar iniciação à Astronomia
Praticar Ioga quatro vezes por semana
Ler todo tipo de revista que aparece na frente
Acompanhar debates sobre economia
Dormir mais
Cantar as músicas em inglês
Ligar para pessoas que não vejo há muito
Procurar passagens de navio na internet, para lugares que nunca irei
Saber tudo sobre Paris Hilton
Cozinhar algumas coisas (mas olhem, vejam só)
Aprender sobre o nome das plantas
Ver muitos filmes
Nunca perder um só jogo de judô das olimpíadas

Tudo isso para acalmar a tempestade, esfriar o fogo, tirar a febre, descer do carro alegórico, diminuir o volume do samba, respirar fundo e alcançar, não sei como, uma sabedoria de um monge tibetano para uma eterna paciência.

Tô precisando mesmo é de um resfriamento, não de um balde d’agua, mas um ar-condicionado, de um sorvete de nata, de um lugar comum, de um chavão sobre paz.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

David quem?

Depois de algum tempo na fila segue a conversa

- I’m very pleased to meet you! Thank you to come here! Im quite happy!

Ele sorri um sorrizo doce e gentil, que nada me lembra aquelas imagens sombrias que eu vi no cinema. Estende a mão para mim, mas com meu extremo nervosismo, meu cérebro esquece que deveria registrar o momento. Eu já estava em transe e não sabia. Aperto sua mão, com os olhos fixos nos olhos dele. Por um segundo não existe filmagem, fotógrafos, curiosos, seguranças e uma fila de fãs aguardando sua vez de ver o rei nu. Está bem ali na minha frente a chave para todas as respostas, que há anos, debatemos com os amigos, lemos, procuramos e nos contentamos com achismos. O segredo da caixa azul, da orelha perdida na grama, da morte de Laura, dos anões. Está tudo ali, me estendendo a mão como o mais gentil dos seres humanos. Ele me entrega os livros autografados e eu, depois de me transportar para um paralelo imaginário, me dou conta de onde estou, portanto, não posso fazer todas as perguntas que desejo. Fica para a próxima, né? Quem sabe a gente não senta em um café e experimenta um dia inteiro de revelações, seria um outro filme, um outro sonho. Volto para a Terra e enfim, me resta algum tempo antes que eu seja expulsa pelos vários seguranças. Tento algo inteligente, mas meu cérebro não quer funcionar. A pedido do Bruno eu pergunto

- What about tomorrow? What you`re gonna talk about?

Ele me responde cinicamente

- Its up to you, darling

Como assim?? Eu tenho tanta coisa para perguntar e ele me dá todo o leque de opções do mundo, do universo, é só esperar o dia seguinte chegar. Será? Ainda em choque escuto os homens esbravejarem, porque, afinal estou atrapalhando a fila, travando o mundo, parada ali, tentando acreditar naquilo tudo, enquanto continuava querendo alguma pergunta muito inteligente. Time is over, move on, get out. Vai encher o saco da sua vovozinha, se manca.
Com os livros em mãos dou uns passos à frente, paro para ver o autógrafo e vejo que meu nome e do Marcelo não estão lá. Só um rabisco para não atrasar muito o andamento da fila. Uma garota percebe a minha cara de nem sei o que e me diz

- Ah, tudo bem, pelo menos ele ainda apertou a sua mão!

Saí com as pernas bambas, sem condição de pegar o carro. Nada que uma Coca e um cigarro não resolva. Nada tão Americano. Nada tão onírico. E as conclusões ficam para amanhã.