quinta-feira, 30 de abril de 2009

.

Porque ela sabia que podia sofrer, mas viu que esse era o único caminho pra não sofrer nunca mais. Imaginava conseqüências que nem tinha certeza, mas um sentimento de liberdade veio logo depois que abriu a janela da sala e sentiu um vento. Estava muito quente. Estranhou por um momento, porque São Paulo não costuma fazer calor dentro da madrugada, ainda mais morando no 13o andar. Acendeu um cigarro e fez outra escolha – outro dia paro de fumar, hoje não.

Ela acha que foram tantos livros de Clarice Lispector que fizeram alteraçoes em seus hormônios. Nunca mais foi a mesma depois que herdou a coleção da avó. Nunca mais fez e deixou de fazer um monte de coisa. Amava tanto a avó falecida que depois de um ano, já havia lido tudo e não sobrou nem uma gota de página sem ser lida. Até não ter certeza mais sobre o que realmente pensa. A não ser a certeza de que rosas vermelhas não podem faltar sobre a mesa, assim como a avó fazia.

Porque ela sempre soube que deixar claro o quanto ele significava não iria trazê-lo de volta, nem lhe faria se sentir amada. Mesmo assim nunca teve a necessária disciplina. Deu no que deu.
Sentiu tudo matemático demais, sem qualquer tipo de surpresa. Sentiu também um tédio do tamanho de São Paulo, que há tempos não lhe traz mais tantas diversões como no passado. Sentiu que era hora de voltar para as aulas de teatro e constatou que a ração do Loyd estava no fim. A vodka com coca já havia subido a cabeça e a única certeza é que amanhã seria outro dia.

.

Um comentário:

CS disse...

maravilhoso Cacau.