domingo, 19 de abril de 2009

Carta aberta à Irene

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Irene,
Me deixe saber quando você chegar.
Quero que você veja o quadro novo que eu comprei, quero te oferecer um pedaço de doce. Se você quiser eu conto um caso engraçado.
Irene, leu o Leminski que eu te dei? Você sonhou essa noite? Você fumou meu último cigarro?
Não chora não! Esquece aquela dor antiga. Amanhã tem festa no vizinho, tem filme na TV, tem concerto no parque. Põe o vestido branco e vem beber com a gente.
Não chora não, porque tudo continua andando. Eu sei do seu tédio gigante, que tudo parece sempre igual, mas observando bem, nada ficou no mesmo. Até as roupas caíram do varal com o vento.
Basta que você se surpreenda todos os dias, questione o comum e comece tudo de novo.
Irene, na verdade eu queria ser livre como você. Eu queria saber olhar para o outro de forma mais profunda. Eu queria saber gritar e saber me expor.
Eu queria saber chorar.
Chora Irene, chora pra não ter dor de garganta.
Mas chora hoje, porque amanhã é dia de festa e enfim,
eu te verei rindo.


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