domingo, 31 de maio de 2009

pássaros comem na mão



A minha dor eu sei resolver. Ainda que seja a alto custo, sei resolver. Pode ser com um calmante, um trabalho físico, um desabafo. Pode ser mexendo na horta, organizando as roupas do armário, limpando a casa, xingando Deus; eu sei resolver. Ainda que demore, resolvo.

O que não sei resolver é a dor do outro. Fico mudo, meu braço sobra, minha mão falta, minha boca treme algum vento sem força. Toda dor só é compreensível no idioma da dor. Quem está de fora não entende, não tem razão, não alcança sentido. A dor não busca conselhos; a dor busca a pele pra colocar por cima, busca cicatrizar a ferrugem e a maresia.

A dor do outro é uma parada de ônibus sem ônibus por vir. Uma parada de ônibus para se sentar e não ir.

A dor do outro é neblina com a roupa presa nos galhos.


Carpinejar

2 comentários:

Anônimo disse...

putzzzzz... Tá demais em kékousss... Bora escrever um livro?

Dandan disse...

Sinal que gostou do presente. :D